Dr. João Daniel

Como o inverno afeta sua circulação?

Circulação

Os dias ficam mais frios, o corpo pede um pouco mais de coberta, menos movimento e, muitas vezes, nem percebemos que essa mudança de estação também mexe com a nossa circulação. Mas mexe. E muito.

O inverno é uma época em que os problemas vasculares podem se agravar, principalmente para quem já tem predisposição a varizes, trombose ou sente inchaço e dor nas pernas. Isso acontece por uma combinação de fatores que envolvem desde o frio em si até o nosso comportamento durante esse período.

Neste artigo, vou te explicar de forma simples e clara como o frio afeta a circulação, por que os riscos aumentam no inverno e o que você pode fazer para se proteger. Porque com os cuidados certos, a estação pode ser tranquila também para suas pernas.

O que muda no corpo com o frio?

Vasoconstrição: por que as veias se contraem

Quando a temperatura cai, nosso corpo ativa um mecanismo natural para manter o calor interno: os vasos sanguíneos se contraem. Esse processo é chamado de vasoconstrição, e tem como objetivo priorizar o aquecimento de órgãos vitais, como o coração e o cérebro.

Mas essa contração dos vasos pode dificultar a circulação periférica, especialmente nas pernas e nos pés. Em quem já tem algum grau de insuficiência venosa, o fraco retorno do sangue pode piorar os sintomas: inchaço, dor, sensação de peso ou cansaço ao fim do dia.

Frio e sangue mais denso: um alerta silencioso

Estudos mostram que a exposição ao frio também pode tornar o sangue ligeiramente mais viscoso. Essa mudança, ainda que sutil, aumenta o risco de formação de coágulos, principalmente em pessoas com histórico de trombose, varizes ou problemas cardíacos.

Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), os meses mais frios do ano têm um aumento na procura por atendimentos de origem vascular. E o motivo não é apenas a vasoconstrição: o comportamento também pesa bastante.

Menos movimento = maior risco

Com as temperaturas mais baixas, tendemos a ficar mais tempo sentados, em ambientes fechados, reduzindo os níveis de atividade física. Esse sedentarismo sazonal é um dos fatores mais perigosos para quem já tem predisposição a doenças vasculares.

Ficar muitas horas na mesma posição dificulta o bombeamento do sangue pelas veias das pernas e favorece a estagnação. Esse acúmulo pode causar desde desconfortos leves até complicações graves como a trombose venosa profunda.

O risco de trombose aumenta no inverno?

Quem tem mais predisposição

Sim, o risco de trombose é maior no inverno, especialmente para pessoas que:

  • Têm histórico familiar de doenças vasculares;
  • Passaram recentemente por cirurgias ou longos períodos de imobilização;
  • Estão em tratamento hormonal ou fazem uso de anticoncepcionais;
  • São fumantes, sedentárias ou com sobrepeso.

Esses fatores aumentam o risco de formação de coágulos e dificultam a circulação ideal. E quando somados às condições do inverno, a combinação pode ser perigosa.

Como identificar os primeiros sinais

A trombose venosa profunda nem sempre dá sinais claros, mas alguns sintomas são comuns e devem acender o alerta:

  • Inchaço repentino em uma das pernas;
  • Dor que parece cãibra, mas não melhora com repouso;
  • Vermelhidão, calor ou sensação de peso local;
  • Veias mais visíveis ou endurecidas.

Caso você note um ou mais desses sinais, não espere: procure avaliação médica o quanto antes. Diagnosticar precocemente faz toda a diferença.

O que você pode fazer para se proteger?

Dicas práticas de prevenção

Hidratação

Mesmo que a sede seja menor no inverno, a hidratação é essencial. A água ajuda a manter o sangue com a viscosidade adequada, facilita o transporte de nutrientes e evita o ressecamento das veias.

Movimento leve dentro de casa

Alongar-se ao acordar, caminhar pela casa, subir escadas, movimentar os tornozelos e pés com regularidade: tudo isso ajuda a ativar a circulação. São pequenas pausas ativas que evitam a estagnação do sangue.

Uso de meias de compressão (quando indicado)

As meias de compressão são aliadas importantes na prevenção da trombose e no controle de sintomas de insuficiência venosa. No inverno, seu uso é mais confortável, o que facilita a adesão. Mas lembre-se: elas devem ser prescritas por um especialista.

Cuidados extras em viagens ou longos períodos sentados

Se você vai fazer uma viagem longa de carro, ônibus ou avião, levante-se a cada duas horas, alongue as pernas e beba água. No trabalho, evite passar horas sem se levantar. Essas pausas simples evitam o acúmulo de sangue nas pernas e diminuem o risco de coágulos.

Quando é hora de procurar um especialista?

Avaliação preventiva é fundamental

Sentir inchaço, dor ou peso nas pernas com frequência, mesmo que leve, já é motivo suficiente para procurar um angiologista. A avaliação preventiva permite identificar fatores de risco, acompanhar o estado das veias e orientar as melhores condutas.

Além disso, quem já teve trombose, possui histórico familiar ou passa muito tempo em imobilidade deve manter acompanhamento regular, mesmo na ausência de sintomas.

Como é a consulta com um cirurgião vascular

Na consulta, o especialista escuta seus sintomas, avalia suas queixas e, se necessário, solicita exames como o eco-Doppler, que analisa o fluxo do sangue nas veias em tempo real.

Com base nesse diagnóstico, o médico pode orientar o tratamento mais adequado: que pode incluir apenas mudanças de hábito, uso de meias, medicamentos ou, em alguns casos, procedimentos específicos.

Conclusão: o frio pede atenção, mas também oferece oportunidade

O inverno pode, sim, aumentar os riscos vasculares, mas também é uma excelente época para cuidar da circulação. O clima mais ameno favorece o uso das meias de compressão, reduz a exposição ao sol no pós-tratamento e permite uma rotina de prevenção mais tranquila.

Com informação, escuta do corpo e acompanhamento especializado, você pode passar por essa estação com mais segurança, conforto e leveza nas pernas.

Se você sente algum desconforto ou quer entender melhor como está sua saúde vascular, agende uma consulta com o Dr. João Daniel. Cuidar agora é sempre o melhor caminho para evitar complicações depois.

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