Dr. João Daniel

Trombose: primeiros sinais e como identificar o risco

Trombose

A trombose costuma entrar no radar das pessoas quando um caso grave vira notícia ou quando atinge alguém próximo. Isso cria a impressão de que é algo raro, distante ou que só acontece em idosos acamados. Mas a realidade é outra: a trombose pode atingir qualquer pessoa, inclusive jovens, saudáveis e ativos. E o mais preocupante é que, muitas vezes, ela começa de forma silenciosa, com sinais que facilmente passam despercebidos.

Um inchaço repentino, uma dor que parece cãibra mas não passa, uma área da perna que fica mais quente ou avermelhada. Esses detalhes, por menores que pareçam, são formas do corpo mostrar que algo na circulação não está funcionando como deveria. Neste artigo, vamos conversar sobre o que é a trombose venosa profunda, quais são os primeiros sinais de alerta, quem tem mais risco e quando procurar ajuda médica. Quanto mais cedo isso for identificado, mais tranquilo é o cuidado.

O que é a trombose venosa profunda (TVP)?

trombose venosa profunda

A trombose venosa profunda, ou simplesmente TVP, é o nome que damos à formação de um coágulo de sangue dentro de uma veia profunda do corpo — comumente nas pernas, mas também podendo ocorrer na pelve ou até nos braços.

Esse coágulo age como um bloqueio dentro da veia. Ele impede que o sangue flua de forma adequada e, por isso, causa sintomas como inchaço, dor, calor e até mudanças na coloração da pele na região afetada. Mas o maior risco da trombose não está apenas no desconforto local. Ele está na possibilidade de o coágulo se soltar, viajar pela corrente sanguínea e atingir os pulmões. É o que chamamos de embolia pulmonar — uma complicação grave e, em alguns casos, fatal.

Por isso, mesmo quando os sintomas parecem leves ou pouco evidentes, a TVP deve sempre ser levada a sério.

É importante diferenciar a trombose venosa profunda das chamadas tromboses superficiais, que ocorrem em veias mais próximas da pele. As tromboses superficiais também merecem cuidado, mas têm evolução e riscos bem menores. Já a TVP exige atenção imediata, pois envolve veias maiores e mais profundas, com potencial de gerar complicações sistêmicas.

A boa notícia é que a trombose venosa profunda, apesar de grave, tem prevenção e tratamento eficaz, especialmente quando identificada no início. A chave está na escuta do corpo e na busca por avaliação médica ao primeiro sinal de alerta — mesmo que o sintoma pareça pequeno.

Sinais de trombose: o que observar no seu corpo?

Um dos grandes desafios da trombose é que ela pode se desenvolver de forma silenciosa. Mas isso não significa que o corpo não tente avisar. Pelo contrário: ele costuma dar sinais — discretos no início, mas perceptíveis para quem está atento. Entender esses sinais e saber quando algo está fora do habitual pode ser a diferença entre agir a tempo ou permitir que o problema evolua.

Abaixo, explico os principais sintomas que merecem atenção. Eles nem sempre aparecem todos juntos e, às vezes, podem ser confundidos com outras condições. Por isso, observar a frequência, a intensidade e o lado do corpo afetado faz toda a diferença.

1. Inchaço repentino em apenas uma perna

Esse é, sem dúvida, um dos sinais mais característicos da trombose venosa profunda. O inchaço aparece de forma repentina, geralmente em apenas uma das pernas, e não melhora com repouso. A perna pode ficar visivelmente maior, mais rígida ou com a sensação de “pesada demais”.

Diferente do inchaço que aparece no fim do dia e some depois de deitar, esse costuma persistir — e, muitas vezes, vem acompanhado de dor ou calor local.

2. Dor na panturrilha ou na perna ao caminhar ou tocar

A dor provocada pela trombose pode ser confundida com uma cãibra, mas há diferenças importantes. Ela aparece sem uma causa aparente, tende a ser contínua e piora com o movimento. Muitas pessoas relatam que a panturrilha parece “dura” ou dolorida ao toque, mesmo em repouso.

Outro ponto de atenção: alongamentos ou massagens não aliviam o desconforto — o que já é um sinal de que há algo diferente acontecendo.

3. Calor, vermelhidão ou mudança de cor local

A região afetada pela trombose pode ficar mais quente que o restante da perna. Junto com isso, é comum observar uma coloração diferente na pele: áreas avermelhadas, arroxeadas ou até mais escuras. Essas alterações são reflexo da inflamação local e da dificuldade do sangue circular normalmente pela veia obstruída.

4. Veias superficiais mais evidentes ou endurecidas

Em alguns casos, o corpo tenta “driblar” o bloqueio causado pelo coágulo, criando rotas alternativas para o sangue fluir. O resultado é que as veias superficiais — aquelas mais visíveis sob a pele — podem ficar mais saltadas ou até endurecidas. Essa mudança no relevo das veias não é comum e, quando aparece junto de outros sinais, deve ser levada a sério.

5. Falta de ar repentina (em casos mais graves)

Esse é um dos sinais de que o quadro pode ter evoluído para uma embolia pulmonar — quando o coágulo se desloca da perna e vai parar nos pulmões. Nesses casos, a pessoa pode sentir falta de ar repentina, dor no peito, tontura ou sensação de desmaio.

Esse é um quadro de emergência médica e requer atendimento imediato. Mesmo que a origem do sintoma não esteja clara na hora, a piora súbita na respiração, especialmente em quem já apresentava sinais na perna, deve ser investigada com urgência.

Como saber se tenho trombose? Quando investigar?

trombose

Como  vimos, a trombose nem sempre começa com dor intensa. Então, se você notou algo diferente — e isso se repetiu ou não melhorou com o tempo —  é motivo suficiente para procurar avaliação. O exame indicado para investigar é o eco-Doppler venoso — uma espécie de ultrassom das veias, que permite visualizar em tempo real o fluxo do sangue e identificar a presença de coágulos. Ele é indolor, não invasivo e pode ser feito no próprio consultório em muitos casos.

Esse exame é essencial não só para confirmar a trombose, mas também para avaliar a extensão do coágulo, a localização exata e definir a melhor conduta médica. Em outras palavras: é o exame que oferece segurança para agir com clareza e objetividade. Com o diagnóstico em mãos, é possível definir com segurança o melhor caminho de tratamento. E na grande maioria dos casos, quanto antes isso é feito, mais simples é a resolução.

A trombose tem prevenção. E começa pela informação certa.

A boa notícia é que muitos casos de trombose podem ser evitados com pequenas atitudes no dia a dia. Principalmente por quem já sabe que tem fatores de risco. Manter o corpo em movimento, evitar ficar muitas horas parado, cuidar da hidratação, manter o peso equilibrado, não fumar e controlar doenças como hipertensão, diabetes e colesterol alto são atitudes que fazem diferença na saúde das suas veias.

Em algumas situações, como após cirurgias, longas viagens ou no caso de varizes avançadas, o uso de meias de compressão pode ser indicado. Mas elas devem sempre ser orientadas por um especialista. A compressão errada pode trazer mais prejuízo do que benefício. Mais importante do que seguir uma cartilha é aprender a escutar os sinais do corpo. O inchaço fora do habitual, aquela dor que se repete ou a sensação de peso constante nas pernas são sinais que não devem ser ignorados.

Quando o corpo dá sinais, o cuidado faz a diferença

Se você tem sentido um desconforto fora do comum, notou inchaço ou dor que não passa, ou simplesmente quer entender melhor o que está acontecendo com a sua circulação, esse é o momento certo de buscar ajuda.

Com um diagnóstico preciso, exames acessíveis e tratamentos cada vez mais modernos, é possível cuidar da sua saúde vascular com segurança e tranquilidade. O que não dá é para ignorar o que seu corpo está tentando dizer. Se precisar de um olhar atento e especializado, agende sua consulta com o Dr. João Daniel. A prevenção começa pelo cuidado. E o cuidado começa agora.

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